terça-feira, 12 de maio de 2020

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: CRÔNICA DA ESCOLA


A COMIDA DIVERTIDA





Comer faz parte de um ritual que realizamos para sobreviver. É a partir desse ritual que construímos no percurso da nossa existência, os hábitos alimentares e junto com eles, sentimentos em relação a comida que contribuem para aproximar e humanizar as pessoas.
Alguns diriam que cozinhar é uma arte e envolve muito mais que um ato de sobrevivência. A culinária ajuda a desenvolver a criatividade e aguçar os conhecimentos científicos no atrevimento de experimentar diversos ingredientes e suas misturas. Sem subestimar, poderíamos dizer que para cozinhar adquirimos conhecimentos de química e biologia (mistura dos alimentos, higienização, conservação, fermentação, nutrientes), física (manuseio, mudança de estado do alimento, uso dos equipamentos), história e geografia (origem dos alimentos, região do plantio, natureza do solo) e podemos nos tornar inclusive, pessoas mais conscientes do poder da natureza e das formas de preservação ambiental para ter uma vida equilibrada.
Outros diriam que comer envolve sentimentos. Por exemplo, lembrar do cheiro daquele “bolinho de chuva com banana” que só a mamãe ou a vovó sabem fazer, “Que delícia!”. Aquela receita predileta, preparada por àquela pessoa, seja ela quem for, que deixou nosso paladar mais apurado e nos fez virar os olhos de tanto prazer ao comê-la. Tentar descrevê-la aqui, seria simplicidade demais. É difícil traduzir em palavras aquele gostinho, que volta na boca, enchendo-a de saliva quando nos reportamos as memórias da cor, cheiro, forma, gosto e textura do alimento predileto. Nos faz lembrar do local, pessoas, brincadeiras, enfim de tudo que envolveu aquele momento da nossa vida nos emocionando e, principalmente, se essa for uma lembrança da nossa infância.
Me peguei com o pensamento nessas coisas outro dia no pátio da escola. Estava lá por um objetivo, fotografar as crianças durante a refeição. Elas estavam sorrindo, brincando e saboreando seu alimento. Detalhe, serviam-se sozinhas. Quantidade, diversidade, dosavam e escolhiam o que colocavam no prato.
Observei que os “tias e tios” assim como as crianças chamavam a todo instante, acompanhavam todo o processo da alimentação orientando os pequeninos, falando sobre os alimentos e a importância de comê-los. Não importava se o nome desses profissionais eram: Lourdes, Rosangela, Margarida, Ivani, Eloá, Joana e Cristiano, porque independente do nome de batismo, eram intitulados carinhosamente de “tias e tios” pela proximidade e atenção que davam a elas.
Muito me chamou a atenção que as profissionais da cozinha Sonia, Erica e Nice estavam pelo pátio, próximas ao expositor de comidas conversando com as crianças sobre o cardápio do dia, incentivando a experimentação dos alimentos.
As professoras também ficavam presentes ajudando e orientando enquanto sua turma pegava a alimentação. Na sala de aula e, em outros espaços desenvolviam atividades lúdicas e faziam leituras para que todos tivessem conhecimento dos alimentos e soubessem da importância e funções no organismo.
A equipe de limpeza sempre a postos, pronta para as eventualidades durante a refeição e cumprindo a rotina de limpeza para deixar tudo impecável para o atendimento, envolvendo-se na situação.
 Muitas vezes presenciei no pátio, a direção ou coordenação que faziam registros audiovisuais, apreciavam, apoiavam e orientavam as ações de todos.
Relembrei do meu tempo de infância. Percebi que nunca havia conversado com a cozinheira da minha escola e nem interagido com tantos adultos durante o intervalo.
Havia um prato enfeitando o expositor do self service, bem lúdico, em formato de bichinhos ou objetos feitos com os legumes, frutas, verduras e carnes utilizados no preparo do cardápio do dia. Tudo para chamar a atenção das crianças às comidas oferecidas. Era evidente a dedicação e carinho da equipe com a confecção do prato para a exposição dos alimentos.
Aquilo tudo tratava-se de um belo momento de sedução alimentar! Enquanto aprendiam ali, o gosto por diversos alimentos.
Conversei com algumas crianças e perguntei a elas o que achavam da alimentação. Em resposta ouvi algumas frases como: “A comida é gostosa”, “Eu gosto mais quando tem salada de beterraba”, “Eu pedi para minha mãe fazer igual pra mim, lá em casa”, entre outras tantas que diziam achar uma delícia a comida da escola. Percebi que um número significativo dos pequeninos voltava para a repetir o prato. Achei muito interessante, pois, nem sempre pegavam de tudo na repetição, mas sim, do que mais gostaram.
Estava encantada com tudo o que presenciava. A felicidade das crianças iluminava seus rostinhos e era demonstrada na simplicidade dos gestos de carinho com todas os educadores ali presentes. Posso dizer que foi gratificante assistir ao vivo tremenda cena educativa. Fiquei muito agradecida por fazer parte de tal ambiente.
Cheguei na escola e um ano depois pude colaborar com os colegas no projeto horta, inclusive conhecendo outro servidor, o Sr. Érico, que além dos seus afazeres costumeiros se dedicava ao plantio e colheita de diversas plantas. Sempre sorrindo e feliz ensinava para todos a serventia de cada plantinha, fosse um tempero, erva medicinal ou verdura.
         Sempre via as crianças durante as refeições. Achava tudo muito bacana, porém, durante as ações do projeto pude estar mais presente nas práticas que envolvem a alimentação escolar. Aprendi muito com a curiosidade das crianças em suas descobertas nas diversas ações que participavam desde o plantio até a degustação e, com os profissionais que incentivam e participam ativamente do processo alimentar da horta até a mesa.
Imagino as memórias que farão parte da vida dessas crianças ao longo de suas existências. Recordarão dos pratos enfeitados, cheiros, sabores, formas e texturas dos alimentos que mais gostaram,  das cenas felizes e das pessoas que as trataram com tanto compromisso e respeito durante sua formação escolar na Educação Infantil.
Hoje entendo que alimentar de forma saudável é um ato de amor!






















POSTADO POR VERA LÚCIA
EQUIPE EMEI SENADOR CARLOS JEREISSATI

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